Um monte de gente sumiu no dia 14 de outubro, no mundo de The Leftovers.
A série conta como está esse planeta três anos depois, quando se discute exaustivamente o que aconteceu com quem sumiu – através da ciência, da política, da religião. Com uma fluidez narrativa interessante, somos apresentados aos nossos personagens. Um delegado e sua família protagonizam os conflitos, as angústicas, os mistérios. Mistério, por sinal, é elemento essencial.
Para além do óbvio desaparecimento, falo do que cerca os “leftovers” (os restos de comida, como lembra a amiga Krys). E é fácil pensar realmente em gente cercada. Nosso cenário é uma cidade pequena, de poucos habitantes. Os plots se encontram facilmente, sempre trabalhando numa dinâmica do não-dito – herança direta de Lost para o sr. Damon Lindelof.
Não sabemos a origem e os motivos reais dos Remanescentes. E ainda que não sejam totalmente convincentes seus hábitos (“não fumamos por prazer, mas para mostrar nossa fé”) ou seus trejeitos (voto de silêncio e vestimentas brancas), eles trazem um peso interessante à narrativa – temos vilões, para além do mistério “sobrenatural”. 
Claro, The Leftovers é uma dessas narrativas com um grande plot que serve apenas para nos depararmos com os conflitos de cada um nesse universo. Pouco importa para os roteiristas (e Lindelof não deve cair na armadilha de Lost outra vez) explicar o que está acontecendo. Sabiamente, eles querem apenas nos contar boas histórias de pessoas em crise. E essa é uma “bela crise”.