Trapaça, David O. Russel (2013)

cinesystem
A tela da sala 6 do Cinesytem Maceió.

Assisti ao American Hustle numa última sessão bem cheia (21h35) no novo Cinesytem de Maceió. É uma rede de Maringá (PR), com sócios internacionais. A bilheteria é bastante focada na automatização, contando pelo menos uns 10 terminais de autoatendimento. Ainda em construção, o cinema deve entregar neste semestre algumas salas VIPs e, casando com o visual do shopping, fará dele algo bem parecido com o que vemos no Cinemark do Rio Mar, em Recife. Toda sala nova é confortável, mas as comuns do Cinesystem contam com duas fileiras centrais (os melhores lugares) com poltronas diferenciadas. Elas são vermelhas, mais amplas, com mais conforto. O preço inicial está atrativo e mais barato que aqui em JP: R$ 18 reais para filmes 2D. Ao que me parece, todas as salas são digitais e película já é coisa do passado por lá. Os diferenciais da sala começam, entretanto, na qualidade desse digital (a projeção é incrível) e no sistema de som 7.1.

Tendo feita esta introdução de cenário e detalhes técnicos, vamos ao filme:

Estou escrevendo sem ter lido nada, mas vi cotações. Sem influências externas, portanto, não consigo entender qual a bronca da turma com Trapaça. A maioria das pessoas me parece ter ou desgostado totalmente ou ter tratado o filme como apenas OK. E certamente ele não é mediano.

Christian Bale;Amy Adams;Bradley Cooper

Bem além de um combo de excelentes atuações, Trapaça mostra certa evolução de David O. Russel. Seu cinema parece ser focado nos conflitos pessoais, especialmente em personagens um tanto perdidos, “desencontrados” em seu mundo, com obsessões que os levam aos extremos. Está lá em O Vencedor, O Lado Bom da Vida e está aqui. Não vou falar do cult Huckabees, porque achei tão fraco que parei na metade. Não são personagens à margem, mas deslocados de alguma forma, tentando se enquadrar no mundo do seu jeito. O contraste entre a beleza de Amy Adams e a tosquice de Christian Bale só reforçam que, no fim das contas, esse exterior é apenas uma distração para as realidades individuais.

Esse interior é demonstrado especialmente através de pequenas atitudes (os cuidados de Irving e DiMaso com suas “cabeleiras”), mas principalmente pelo que é dito. Além da atuação, estão impagáveis os diálogos de Jennifer Lawrence. A conversa dela com Bale sobre o incêndio e depois, no restaurante, sobre o cheiro das unhas… incríveis.

O filme me parece ser uma certa homenagem a Os Bons Companheiros, especialmente focada nas crises familiares que também estão presentes no filme de Scorcese. Menos focado em violência e mais no humor, Russel traz um bom filme e digno de uma revisão mais atenta. Ainda que apresente algumas fragilidades de roteiro que o comprometam no fim, Trapaça me parece uma progressão satisfatória para o diretor.

O excelente elenco de Trapaça.
O excelente elenco de Trapaça.

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