O Grande Gatsby: remix Luhrmann

Tem algo de noir em O Grande Gatsby, novo filme de Baz Luhrmann. Especialmente na segunda metade, o filme ganha ares de Crepúsculo dos Deuses e a partir daí começa a flertar mais com o clássico de Billy Wilder. O ápice chega na cena do clímax final, quando homenageia claramente o filme de 1950. Calma, isso não quer dizer que ele seja um filme noir. Luhrmann é sempre remix e seu cinema é um recheado de apropriações pop que, por vezes, são vazias. Não parece ser o caso, aqui. Os remixes se encaixam muito bem e isso se evidencia especialmente na força da trilha sonora. Quando Jay-Z entra como canção de um cabaré novayorquino dos anos 1920, fazendo o seu hip-hop remixado ao jazz, o filme mostra mais do que uma estilização vintage, mas uma prova de que não há nada de novo no front. A primeira cena de festa na casa de Gatsby, por sinal, poderia ter a trilha sonora trocada por um quickstep tradicional que daria tudo certo.

Escrevo sem conhecer o livro de Fitzgerald ou o filme de 1974, mas da fita de Luhrmann, me interessa até os exageros. Lastimável que se continue ainda hoje, sem freios, escrevendo textos sobre filmes onde se compara a obra ao livro original ou algum outro filme anterior. Vamos lá, camaradas: o filme é o filme e o esforço comparativo deveria ficar restrito no máximo às discussões de fãs numa mesa de bar. Luhrmann e suas inconsistências chega ao seu melhor filme com o The Great Gatsby, presenteando Leonardo Di Caprio com um dos seus melhores papéis – voltando até a ser galã, sem deixar de ser grande em cena.

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