Sobre café e lugares

De forma completamente involuntária, percebi que tomei diversos cafés em lugares diferentes nesta viagem. Nunca fiz das situações, a não ser no Starbucks, uma questão obrigatória. Pausa da caminhada, para passar o tempo ou o frio, escolhia tomar um expresso. Sempre com a câmera em mãos, registrei todos os que tomei (perdi uma das fotos, na Livraria Cultura).

O primeiro café em São Paulo foi bastante específico. Estava flanelando pelas ruas do Brooklin, a espera do amigo Thiago, e me deparei com uma cafeteria perdida. Pequena e com detalhes charmosos, indicava naquele meio de tarde, que uma boa quantidade de pessoas tinha passado por ali logo depois do almoço. Entrei, pedi um expresso e descobri o que era café de verdade. A xícara indicava que era do tipo supremo arábica, que por agora não faço idéia do que quer dizer (e não vou no Google descobrir e fazer pompa pra vocês). Entretanto, é importante frisar que notei que a bebida descia diferente. Eu tomo pequenas xícaras de expresso com açúcar numa medida fora do comum (3 ou 4 sachês dependendo do quão forte ele está), assim, percebi que esse (junto à forte dose do açúcar) rasgou um pouco na garganta, quase como uma pimenta leve. Lembranças e água na boca, agora. A coisa me empolgou e até poema eu escrevi na hora. Não para o café, mas ele me inspirou.


Starbucks foi uma mistura de parada obrigatória com paixão a primeira vista. No mesmo dia que tomei o supremo arábica, visitei o Morumbi Shopping e sem querer esbarrei na filial mais bonita do Starbucks de lá. A mais bela e mais cheirosa, certamente. Nos primeiros passos, juro, quase tive de sentar e me recompor com o aroma de café, chocolate e caramelo que inundava o lugar. Fui entrando devagar, fascinado com o cheiro e o ambiente: sofás me chamando, mesas bonitas, decoração de primeira. Eu olhei o preço e fiquei espantado. Depois entendi que tratava-se dos famosos copazos de café. O menor deles tem 300ml e o maior 700ml. Não estava bem nesse dia, então deixei para as próximas oportunidades que ainda exisitiram na viagem.


A chance veio no fim de semana do Passion e tomei meu primeiro Starbucks acompanhado da Manu (a foto acima é dela). Por indicação do Whaner Endo (que, por sinal, me levou numa pizzaria fantástica 2 dias antes e o fato merece um post específico) pedi um Caramel Machiatto. Tentando traduzir: shots de expresso com leite e caramelo. O copo de 300ml custa uns R$7,50, não lembro bem. Lá vou eu colocar sachês e mais sachês de açucar (falamos agora de uma quantidade muito superior à xícara básica do expresso) e saborear um café com leite delicioso. Não tudo que esperava, mas, como tenho sérios problemas em criar expectativas demais com as coisas, vocês podem dar um desconto. Manoella manda avisar que o nome dela é com dois “L’s” e o quiche de lá é caro. Segundo a moça, em Vitória você pode saborear um mais gostoso no Café Bamboo. Eu provei e achei o negócio uma delícia, mas como deveria ser a primeira vez na vida que eu comia um quiche, desprezem.


Como disse, tomei um outro expresso na Livraria Cultura do Market Place. Este foi pra passar o tempo, esperando que Pedro e Tayanna chegassem no hotel, que era vizinho. Um café gostoso, mas que me deixou pouca lembrança. Prestei atenção mais no japinha comendo uma trufa na minha frente do que no sabor da bebida. Deletei sem querer justamente a foto do cafezinho.

A próxima parada cafeística (?) foi num dos pontos surreais da viagem. Cidade de Pomerode, vizinha a Jaraguá do Sul, parte norte de Santa Catarina. Não paramos para tomar café, mas pra comer doces na Torten Paradies, uma doceria típica alemã que fica na avenida principal da cidade. Vejam, amigos, aqui em João Pessoa, para comer numa doceria por quilo, pagamos cerca de R$ 39,90/kg ou até mais e falamos de nada de especial além de doces e tortas básicas no buffet. Lá nós comemos algumas coisas obscenamente deliciosas (como diria Paulo Brabo) por R$ 29,90/kg num buffet gigante que tinha até frios finíssimos inclusos. Isso, sem falar dos dois tipos de suco e café grátis. Eu disse grátis.

O problema mora aí. O café estava meia-boca e, obviamente, por estar comendo doces, não ficou nenhuma maravilha. Este a gente esquece e fala somente das sobremesas: mini-bomba de creme com morango, sonho recheado, torta alemã e os queijos e salames celesteais.

Já no caminho de volta para casa, no aeroporto de Curitiba, um café para esquentar e diminuir os espirros. Adoro xícaras maiores. Porém, fui enganado pela placa: tinha um preço até barato para um aeroporto. Só depois notei que não tratava-se de um expresso feito na hora. Tudo bem, mesmo assim, estava gostoso. Café Damasco.

Para voltar a realidade, numa madrugada desolada no aeroporto do Recife, tomei um café São Braz. Pra quê? Respondam, pra quê? Justamente para entender, primeiramente, que nós nordestimos tomamos um café-expresso-lixo. Sim, possivelmente, as cafeterias da São Braz fazem os piores expressos do Brasil. E lamentem, amigos, no Nordeste nos sobram poucas opções. O que me salvou, naquela madrugada onde revi De Volta Para o Futuro pulando de televisor em televisor das lanchonetes abertas, foi um pastel de frango delicioso; e a saudade dos cafezinhos do sul – cheios de companhias agradáveis, voyerismo em nível máximo e lugares fora da nossa realidade praiera.

Ricardo Oliveira

6 Replies to “Sobre café e lugares”

  1. Curti muito o conceito de assistir um filme (especialmente De Volta Para o Futuro) “pulando de televisor em televisor das lanchonetes abertas”. Já anotei para chupar em alguma história minha.

    E o nome da cidade, pelo menos durante o dia, é Pomerode.

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