Jogos remasterizados provam que narrativas interativas sobrevivem

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Desde que inventaram os emuladores e ROMs, a gente não perde uma boa oportunidade de relembrar algum jogo do Super Nintendo ou do Mega Drive. O processo, que nunca foi oficializado e continua numa ilegalidade aceita pelas produtoras, revela o quão nostálgico nós somos. A evidência mais interessante é justamente o fato de que existem características dos videogames que são atemporais: a história e o game design.

Game design é a estrutura que faz do jogo ser o que ele é: desafiador, divertido, conectado à narrativa. Um bom game design (não confunda com a direção de arte) alcança esses fatores com maestria, sendo quase independente da jogabilidade ou dos gráficos, que podem ficar datados. Super Mario World, por exemplo, pode parecer estranho se jogado numa TV de LED de 40 polegadas, mas nunca vai deixar de ser divertido e desafiador.

Já as narrativas vivem uma revolução única na geração atual dos consoles, mas também influenciam nesse processo nostálgico. Permanecem no imaginário do gamer especialmente aquelas que se fizeram essenciais ao jogo para existir. Os jogos de aventura point and click, por exemplo, estão de volta.

Dois títulos famosos, de “décadas passadas”, voltaram em 2015 em versões remasterizadas. O primeiro deles foi Grim Fandango, clássico para PC de 1998 que tem a assinatura de um dos principais nomes do gênero, Tim Schafer. O jogo se passa em um mundo dos mortos em estilo film noir, mesclando o gênero cinematográfico com a cultura asteca. A versão remasterizada tem melhores as texturas, efeitos sonoros e uma trilha sonora renovada. Grim Fandango Remastered está disponível para PS4, PSVita, PC, Mac e Linux. Vale ressaltar que o jogo só voltou para os consoles graças a uma campanha muito bem sucedida de financiamento coletivo.

Outra pedida para quem gosta do estilo é Fahrenheit: Indigo Prophecy, jogo desenvolvido pela mesma produtora de Heavy Rain e Beyond: Two Souls. Fahrenheit, que antes havia sido lançado para PS2, Xbox e PC, agora está disponível em versão remasterizada para iOS e, em breve, para Android.

O hábito da indústria em remasterizar jogos não é uma novidade. Especialmente na transição entre gerações de consoles (entre PS2 e PS3, por exemplo), vários games recebem um boost nos gráficos e são lançados para a versão mais nova de video game disponível. O movimento que vem surgindo desde o ano passado, entretanto, é uma investigação mais profunda no passado, trazendo títulos que são relevantes historicamente e que deixaram saudade. Sigo esperando um reboot do clássico Pitfall: The Mayan Adventure, de 1994.

Originalmente publicado na coluna Cultura Digital, do Jornal da Paraíba.

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